domingo, 10 de setembro de 2017
Linhagem nº...
O que me fere não tem corpo, mas se manifesta violentamente na minha paz;
quando somos tentados por anjos que caçoam do nosso abandono,
quando entoam uma canção antiga e exclusiva,
numa língua que não lembramos mais, mas que era nossa.
Nesse lugar não há aleluias ou milagres,
nenhum ser divino para nos livrar de um pecado que não é nosso,
mas que também não lembramos.
Assim as marcas se aprofundam na carne que nos constitui e nos reveste,
carne pela qual todos definhamos nessa eternidade podre como uma maçã,
mas que cheira a flores brancas.
Há uma tempestade vindo meus amigos:
meus olhos estão pesados e
eu não sei chorar...
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