domingo, 12 de novembro de 2017

Poema de Novembro

Somos feitos de poeira, ou éramos, pois não existimos
além dos sonhos que conservávamos e nutríamos em nosso íntimo.

Os dias passavam.como passavam navios para os naufrágios,
no lusco-fusco das nossas ilusões ingênuas:
olhares e sorrisos que não vimos!

Buscávamos, no entanto, sempre a poesia,
o poema marcado com nossas iniciais e gravuras tristes;
buscávamos, dentro de nós, a figura pacata da existência de algo que nos validasse
e nos desse sentido.

Viver era um merecimento,
que honrávamos em caminhadas silenciosas em nossas planícies,
em gestos humildes, em afagos incondicionais
em tardes debaixo das nossas árvores.

Mesmo assim, caímos em um sono em que não acordamos,
e deixamos de viver o eterno
para sempre.