quarta-feira, 8 de maio de 2019

Em Nome da Rosa

O céu de brigadeiro
é a única coisa doce que temos,
pois o amargo cotidiano
nos convence
da miséria da qual vivemos.

Se tentamos sorrir,
devemos somente a nossa insistência,
mas assim que sorrimos
sentimos o peso insuportável
da nossa consciência,
alertando para outras mazelas e catástrofes,
martelando nossas cabeças
com outras mazelas e desastres.

Seguimos adiante, em retrocesso:
seguimos o fio do avesso
até ficarmos de ponta cabeça
afogados em um balde com gelo,
até nosso sangue ficar seco
no solo úmido desse lugar secreto
a saliva espessa, azeda,
no canto da boca,
para celebrar a derrota de cada déspota
com a sutileza de um verso
de um poema
que tem o nome de uma rosa.