domingo, 27 de agosto de 2017
Das de Amor
Que seus olhos me encontrem em algum lugar entre o santo e o perverso
e suas mãos me alcancem pela extensão desse universo
que nós conhecemos pela intimidade pungente em que nossas histórias foram escritas
em prosa e verso.
Pensa em mim no cair de um cometa, no apagar de uma estrela;
lembra da constelação que guiou nossa trajetória
e faz uma jura de que o amor é eterno.
Fecha os olhos para me ter mais perto
e caminha comigo pelos caminhos secretos da nossa linha do tempo;
beija o pingente que me representa
e permita que o infinito comece a transcorrer pela ampulheta que trago no meu bolso esquerdo.
Vive mais um dia, amor, na graça que se faz de cada momento da sua presença
e entende que a eternidade não basta,
que é preciso sentir com veemência
toda essa chama que nos derrete e jamais se apaga.
sábado, 5 de agosto de 2017
Y4
Da palavra que sai da tua boca, o som que confronta minhas ideias
e que me afasta de onde eu nunca quis estar,
mas me encontro por não saber o que sou.
É na hora da comunhão 'onde' me sinto mais longe e ausente de mim
e as distâncias significam uma negação de todas as coisas com as quais eu me identifico.
Assim, quando chove, eu me recolho sozinho a ficar imaginando os dias passando como uma nuvem cinzenta e perfeita.
Quando chove eu sou feliz, pois se percebe os silêncios nas casas e nas ruas
e todo o mundo parece estar numa única oração.
Nesses momentos eu me deixo estar, ouço a chuva como se fosse uma música divina,
e se eu acreditasse em divindades, então eu seria uma,
pois permito calar meus sentimentos e jorrar-me em gotas puras e idênticas.
Cai a tempestade e eu ascendo à minha glória.
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