sábado, 5 de agosto de 2017

Y4


Da palavra que sai da tua boca, o som que confronta minhas ideias
e que me afasta de onde eu nunca quis estar,
mas me encontro por não saber o que sou.
É na hora da comunhão 'onde' me sinto mais longe e ausente de mim
e as distâncias significam uma negação de todas as coisas com as quais eu me identifico.

Assim, quando chove, eu me recolho sozinho a ficar imaginando os dias passando como uma nuvem cinzenta e perfeita.
Quando chove eu sou feliz, pois se percebe os silêncios nas casas e nas ruas
e todo o mundo parece estar numa única oração.
Nesses momentos eu me deixo estar, ouço a chuva como se fosse uma música divina,
e se eu acreditasse em divindades, então eu seria uma,
pois permito calar meus sentimentos e jorrar-me em gotas puras e idênticas.

Cai a tempestade e eu ascendo à minha glória.

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