terça-feira, 8 de maio de 2018

Um dia daqueles

Olho para todas essas ruas
e me pergunto a qual lugar elas levam
e o que são esses lugares,
como são e quais segredos guardam;
me pergunto o por quê de
tantas pessoas transitarem por essas ruas,
por que falam e também olham
porque quando olham
parece que essas pessoas
me olham nos olhos
e que mergulham
no fundo da minha alma;
depois emergem
levando tudo o que sou:

me resta o nada
e o alívio de me sentir vazio.

Então venta
e essse vento me sopra as ventas,
enche minha paisagem 
de nuvens cinzentas;
procuro assim
pelo silêncio da minha existência,
mas encontro o caos
em alamedas barulhentas.

Sinto meu corpo sucumbir
em uma paz turbulenta
e repito o mantra
de ser esse
mais um dia daqueles!

de que não adianta eu fechar minhas portas
e que dentro de mim
habita o indizível
e de que a segurança de que tudo passou
passa como uma ave
nos céus de outono
de que forçar um sorriso amarelo
é como derramar uma chuva de lágrimas sem gosto
com a cor desbotada do cansaço
e da luta que ninguém entende,
nesse nada em que me desfaço
em mais um dia daqueles.