segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Vento


O vento passou pela janela
e fez balançar a cortina branca suavemente.
Eu que me afasto de simbolismos,
quis acreditar que o vento soprava boas novas,
mas seu uivo não dizia nada disso;
que soprasse algum conforto
ou alguma expressão de alívio!

Ai de mim
quando me traio nas esperanças da madrugada,
no silêncio castigador,
insônia bendita.

O sofrimento que se torna poesia!

Eis me aqui de novo,
a derramar as lágrimas que nunca são necessárias
para que eu chegue a mim,
eu que me distancio e pouco me conheço,
sei apenas que vivo por viver,
ao atravessar o tempo em suas brechas finas
e contar os dias com uma dor de pesar.

O calendário sempre aponta a data errada,
os rostos das pessoas mudaram
e os antigos transitam pelos meus sonhos.

Não há mais qualquer pesadelo que eu não tenha vivido
ou alguma lembrança que eu consiga esquecer.

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