quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Vindouro

Ao ver meu rosto refletido
na água parada dessa poça,
entro em contato
com o que projeto no mundo,
e assim entro em conflito
com os sentimentos
que julgava serem meus,
mas que são o inverso,
pois sinto que pertenço a eles.

Quando a brisa suave que vem das árvores
colide com meu corpo,
toca minha pele como se fosse uma carícia,
me agride,
me fere mais do que uma navalha;
quando a brisa suave que vem das árvores
faz balançar meus cabelos,
deixo que escondam meu rosto,
pois eu não me sinto capaz,
já não tenho força.

Desejo, no entanto,
que essa brisa suave se torne um vendaval
e que transforme esse lugar
em algo novo,
do qual eu possa fazer parte
e não somente
preencher as paisagens.

É sempre num tempo vindouro.


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