quarta-feira, 17 de maio de 2017

31 e 2

Já voei quando eu tive asas, mas as cortei por não querer mais voar.
Apaguei a constelação do meu zodíaco
e assumi para mim o meu destino.
Quando me mutilei era domingo,
que não guardei
como qualquer outro.
Jurei que meu coração bateria livre,
mas o aprisionei no tempo das minhas memórias tristes,
na masmorra do meu sofrimento celeste
em que eu chorei lágrimas imundas e caminhei por vazios existenciais
no silêncio dos labirintos da minha mente.
Nunca me perdi,
mas me afastei para que, assim, eu pudesse me reconhecer
nos sulcos do meu rosto,
marcas que coleciono.

Então o tempo passou, como antes, e dessa vez eu o senti.

Deixa o tempo penetrar na carne,
envenenar o sangue, corromper o corpo
e lembrar que certa vez fui amado em um dos meus sonhos,
mas quando acordei
já era tarde demais.

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