domingo, 23 de abril de 2017

Reminiscências II


 Os cômodos da casa não falam, mas é como se falassem,
como se contassem,
em prosa,
as histórias vividas e hoje perdidas entre suas fendas e o vazio do ambiente,
da sua cor branca ou suja de lembranças que sinto na intimidade forjada pelo acaso.

 Os diálogos que ecoam pelo corredor, os passos que nunca mais chegarão:
o aroma do café pela manhã,
o beijo no canto da boca.

 Antes, esse era um lugar calmo e bonito, mas hoje é apenas calmo,
de uma calma sem paz,
de uma paz sem alma,
dessas que procuramos quando olhamos para dentro das igrejas,
em imagens de santos tristes e rezas sem prece.

 Hoje esse lugar é calmo, mas não parece.

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