sábado, 2 de dezembro de 2017
Reminiscência II
Os cômodos da casa não falam, mas é como se falassem,
como se contassem, em prosa, as histórias vividas
e hoje perdidas entre suas fendas e o vazio do ambiente;
da sua cor branca ou suja de lembranças
que sinto na intimidade forjada pelo acaso.
Os diálogos que ecoam pelo corredor, os passos que nunca mais chegarão:
o aroma do café pela manhã,
o beijo no canto da boca.
Antes, esse era um lugar calmo e bonito,
mas hoje é apenas calmo,
de uma calma sem paz,
de uma paz sem alma,
dessas que procuramos quando olhamos para dentro das igrejas
em imagens de santos tristes e rezas sem prece.
Hoje esse lugar é calmo, mas não parece.
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